
As festas de dezembro costumam ser sinônimo de casas cheias, barulho e quebra de rotina. No entanto, para famílias com bebês — especialmente recém-nascidos —, esse cenário de celebração pode se tornar um gatilho de estresse. O excesso de estímulos, como o "passa-colo" e o som alto, muitas vezes ultrapassa a capacidade de regulação da criança e esgota a mãe. [1]
Para a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, [2] o segredo não é tentar "dar conta de tudo", mas sim aprender a identificar quando o bebê atingiu seu limite de tolerância.
Sinais de alerta: o bebê está sobrecarregado?
Quando o sistema emocional do bebê não consegue mais processar o ambiente, ele emite sinais que vão além do choro por fome ou fralda. Fique atenta a:
Irritabilidade persistente: Choro difícil de consolar e sensibilidade extrema a ruídos.
Tensão física: Corpo rígido ao ser tocado ou inquietação excessiva em colos estranhos.
Alterações biológicas: Piora na qualidade do sono e até respostas físicas ao estresse, como episódios de diarreia ou febre leve (sem causa aparente).
"Muitas vezes, essas reações não são doenças, mas respostas do sistema emocional à exposição excessiva", explica a psicóloga.
Estratégias para preservar o vínculo no caos
A psicóloga sugere três ações fundamentais para manter a segurança emocional da dupla:
Leitura Atenta: Observe as expressões faciais e a linguagem corporal do bebê. Antecipar o incômodo antes que o choro escale é a melhor forma de prevenção.
Pausas Estratégicas: Se perceber desconforto, retire o bebê do ambiente. Vá para um quarto silencioso, diminua a luz e limite o contato físico por alguns minutos para que ele se reorganize.
Voz de Proteção: Fale com seu filho. Dizer frases como "eu estou aqui e vou te proteger" reforça o vínculo e acalma a mãe, tornando a atitude de pedir o bebê de volta mais natural e segura.
Erros comuns: a armadilha da pressão social
O erro mais frequente das famílias é tentar priorizar a etiqueta social em vez das necessidades da criança. Tentar agradar parentes, permitir visitas ininterruptas ou ignorar os sinais de cansaço do bebê gera um desgaste profundo no vínculo mãe-bebê.
A comparação com outras famílias também é um fator de risco. Segundo Rafaela, cada criança tem um ritmo, e a mãe não deve duvidar de sua percepção para prolongar situações que o bebê claramente não tolera.
Festa sem culpa: o papel da rede de apoio
Proteger o bebê não é um ato de "isolamento", mas de cuidado. Para garantir um fim de ano mais leve:
Estabeleça limites: Reorganize o fluxo de visitas e recuse interações que desregulem você ou a criança.
Peça ajuda ao parceiro(a): Ele(a) deve ser o mediador dos limites com os convidados, permitindo que a mãe foque no bebê.
Abandone a culpa: "Quando a mãe age em favor do bem-estar do filho, ela está fortalecendo o vínculo. Não há razão para se sentir culpada por isso", finaliza Rafaela Schiavo.
[1] https://abcdoabc.com.br/o-peso-da-culpa-na-maternidade/
[2] https://www.instagram.com/materonline/