Antibiótico na infância: quando o excesso vira risco

Antibiótico na infância: quando o excesso vira risco
Antibiótico na infância: quando o excesso vira risco Com o aumento de quadros respiratórios ao longo do ano, a prescrição de antibióticos tornou-se frequente na infância. [1] Pediatras, no entanto, reforçam um alerta importante: nem toda inflamação ou infecção exige esse tipo de medicação. Em casos virais, bastante comuns em crianças, o antibiótico não tem efeito e pode causar impactos duradouros na saúde. Segundo o pediatra Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, [2] o medicamento não atua apenas sobre bactérias nocivas. “O antibiótico não seleciona alvos. Ele elimina também as bactérias benéficas, fundamentais para o equilíbrio do organismo”, explica. Esse processo pode provocar alterações importantes na microbiota intestinal, afetando diretamente a imunidade. Os impactos invisíveis do uso repetido O uso recorrente de antibióticos nos primeiros anos de vida pode gerar consequências que vão além do tratamento imediato da infecção. Estudos associam esse hábito a uma série de efeitos colaterais de médio e longo prazo. Entre os principais riscos estão o desequilíbrio intestinal, que pode causar diarreias frequentes e redução das defesas naturais do organismo, além do aumento da propensão a alergias, como asma, rinite e intolerâncias alimentares. Outro ponto crítico é o avanço da resistência bacteriana. Quando expostas repetidamente aos antibióticos, as bactérias tornam-se mais fortes e adaptadas, dificultando tratamentos futuros. Em situações de uso excessivo, especialistas também observam associações com impactos no desenvolvimento infantil, incluindo aspectos neurológicos, ainda em investigação científica. Quando o antibiótico é indispensável (Imagem/Freepik) Apesar dos riscos do uso inadequado, o antibiótico segue sendo uma ferramenta essencial da medicina quando bem indicado. Ele é fundamental em casos de infecção bacteriana comprovada, como pneumonia, infecção urinária e otite com presença de pus. Nessas situações, o diagnóstico clínico aliado a exames é decisivo para definir o tratamento correto e evitar complicações graves. Orientações essenciais para pais e cuidadores Para reduzir riscos e garantir um cuidado mais seguro em 2026, especialistas reforçam algumas recomendações práticas: Aguardar a avaliação médica em quadros leves, como febre baixa, coriza e tosse, geralmente associados a vírus. Questionar a necessidade de exames confirmatórios, como o teste para estreptococo em casos de dor de garganta. Evitar totalmente a automedicação e o uso de sobras de antibióticos de tratamentos anteriores. Priorizar medidas de suporte, como hidratação, repouso e controle da febre, que costumam ser suficientes em infecções virais. Manter o calendário vacinal atualizado, reduzindo o risco de doenças que podem evoluir para infecções bacterianas. Para o Dr. Robledo, a responsabilidade é compartilhada entre médicos e famílias. “Usar antibióticos com critério protege a saúde da criança hoje e preserva a eficácia desses medicamentos para o futuro”, conclui. [1] https://abcdoabc.com.br/uso-de-antibioticos-na-infancia-pode-aumentar-risco-de-alergias-em-adultos/ [2] https://hospitalsaocamilosp.org.br/