
O metanol [1]é o principal suspeito de ter causado uma emergência médica grave em Ribeira do Pombal [2], no norte da Bahia, nesta segunda-feira (29). Sete moradores da região — dois homens e cinco mulheres — foram hospitalizados após uma celebração familiar de noivado. O grupo apresentou um quadro clínico alarmante logo após o consumo de bebidas alcoólicas, o que mobilizou imediatamente as autoridades de saúde e a Polícia Civil para investigar o possível envenenamento pela substância química.
As vítimas relataram sintomas severos que incluem vômitos, náuseas, tonturas, sensação de desmaio, falta de ar e visão turva. Inicialmente, todos foram encaminhados ao Hospital Geral Santa Tereza, mas, devido à complexidade do estado de saúde, dois pacientes precisaram ser transferidos para o Instituto Couto Maia, em Salvador, referência em toxicologia.
Estado de saúde e uso de antídoto importado contra o metanol
A Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) confirmou que três pessoas do grupo estão em estado grave. Para evitar sequelas irreversíveis ou óbitos, o governo estadual providenciou o envio imediato de um antídoto específico. "O antídoto para casos de intoxicação por metanol foi enviado para o hospital e será utilizado caso haja indicação", declarou a pasta em nota oficial.
O medicamento utilizado é o fomepizol, substância que o Ministério da Saúde importou emergencialmente em outubro de 2025. Foram adquiridas 2.500 ampolas para suprir a rede pública, uma vez que o Brasil enfrenta um aumento atípico de casos de adulteração de bebidas com este solvente industrial altamente tóxico.
Investigação policial e os perigos da substância invisível
A Delegacia Territorial de Ribeira do Pombal instaurou um inquérito e já realizou a apreensão de garrafas de bebidas servidas no evento. O material passará por análise rigorosa no Laboratório Central de Polícia Técnica, na capital baiana. Simultaneamente, amostras de sangue das vítimas foram coletadas para confirmar a concentração de metanol no organismo.
A identificação do metanol no momento do consumo é considerada quase impossível por leigos, já que ele possui cor, odor e sabor praticamente idênticos ao álcool comum (etanol). No entanto, sua toxicidade é devastadora: ao ser metabolizado, ele ataca o sistema nervoso e o nervo óptico, podendo resultar em cegueira, coma e morte.
Brasil registra 22 mortes por álcool adulterado em 2025
O cenário na Bahia reflete uma crise nacional de saúde pública. Até o dia 5 de dezembro, o país já registrava 73 casos confirmados e 22 mortes causadas por metanol. O surto tem afetado estados de todas as regiões, incluindo São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná e Pernambuco.
Autoridades reforçam que o atendimento médico deve ocorrer nas primeiras seis horas após a ingestão para garantir a eficácia do tratamento. A orientação principal para a população é evitar o consumo de bebidas destiladas sem selo de procedência ou vendidas de forma clandestina, visto que o mercado ilegal de álcool é a principal porta de entrada para a contaminação.
A Polícia Civil agora trabalha para rastrear a cadeia de suprimentos das bebidas utilizadas na festa em Ribeira do Pombal, visando identificar os responsáveis pela distribuição do produto contaminado e evitar que novos casos de intoxicação por metanol ocorram na região.
[1] https://abcdoabc.com.br/metanol-em-bebidas-sp/
[2] https://ribeiradopombal.ba.gov.br/