O que é TV 3.0? Veja as mudanças na televisão que devem ser inseridas no Brasil

O que é TV 3.0? Veja as mudanças na televisão que devem ser inseridas no Brasil
O que é TV 3.0? Veja as mudanças na televisão que devem ser inseridas no Brasil Imagine assistir ao seu time do coração e, com um simples clique no controle remoto, silenciar a narração para ouvir apenas o som do estádio, com os gritos dos jogadores, técnicos e a vibração da torcida. Enquanto isso, uma coluna na lateral da tela exibe estatísticas em tempo real e permite rever os melhores lances sempre que quiser. Essa é só uma amostra do que a TV 3.0 trará para o público brasileiro a partir de 2026. A nova geração da televisão aberta será muito mais interativa, personalizada e conectada com o cotidiano das pessoas. Por meio da tecnologia ATSC 3.0, a TV 3.0 permitirá compras diretas durante programas, votações em tempo real, regionalização de anúncios e até acesso a serviços públicos como o Gov.br, tudo isso sem depender de internet. Interatividade sem internet: como vai funcionar Um dos grandes diferenciais da TV 3.0 é justamente a autonomia de conexão. Os novos televisores e conversores serão equipados com a antena MIMO, parecida com a dos celulares. Isso significa que qualquer pessoa com um aparelho compatível poderá acessar os recursos interativos sem estar conectado ao Wi-Fi. Mesmo quem possui TVs antigas poderá utilizar a nova tecnologia com um conversor externo, estimado entre R$ 400 e R$ 500. Com essa infraestrutura, será possível, por exemplo, assistir a um programa de culinária e comprar os ingredientes em tempo real, com direito a cupom promocional. Ou, em um jogo de futebol, acompanhar estatísticas ao vivo e votar no craque da partida diretamente pelo controle remoto. Tudo sem sair da transmissão. Nova era para o mercado publicitário A chegada da TV 3.0 também responde a uma demanda urgente do setor de mídia. Em 2024, pela primeira vez, a internet superou a televisão aberta em participação no bolo publicitário do país, 40% contra 36,5%, segundo dados do Cenp. Em 2017, a TV liderava com folga, com 58,7% contra apenas 14,8% da internet. Para os anunciantes, a nova TV aberta trará segmentação de audiência, algo até então exclusivo das plataformas digitais. Será possível, por exemplo, exibir um comercial diferente para cada bairro de uma cidade como São Paulo, o que abre espaço para pequenos comerciantes anunciarem diretamente ao público local, como se estivessem no Instagram, mas com o alcance da TV. A evolução da experiência do telespectador Segundo a Globo, uma das emissoras que lideram os testes da TV 3.0, 16% das pessoas interagiram com as opções exibidas na tela, como enquetes e votações. Esse índice é quase o dobro do engajamento registrado em portais da internet, como G1 ou GShow. Com isso, o espectador deixa de ser apenas um consumidor passivo e passa a participar da programação. A experiência se torna mais dinâmica, relevante e integrada à vida cotidiana, seja ao assistir a um programa de variedades, um documentário ou uma partida de futebol. Quando e como a TV 3.0 será implementada A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assine, ainda neste mês, o decreto que regulamenta a implantação da TV 3.0 no país. As primeiras transmissões oficiais devem acontecer em junho de 2026, durante a próxima Copa do Mundo [1]. Ao contrário da transição analógica-digital, dessa vez a migração não será obrigatória. As emissoras decidirão se vão ou não aderir à nova tecnologia. Foto: Unsplash O Ministério das Comunicações estima que o Brasil será o primeiro país do hemisfério sul a adotar oficialmente o padrão ATSC 3.0. E garante que os dados de navegação dos telespectadores estarão protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Mais do que imagem em 8K Além da imagem em ultra definição e do som com qualidade de cinema, a grande transformação da TV 3.0 é seu potencial de se tornar um novo hub doméstico. “A televisão se tornará tão funcional quanto o celular, só que em tela grande”, resume o professor João Oliver [2], da ESPM. Para ele, essa mudança pode, inclusive, modificar o conceito de TV aberta como conhecemos. A partir de agora, o aparelho na sala deixa de ser apenas um reprodutor de conteúdo e passa a ser também uma plataforma de serviços, entretenimento, comércio e participação digital. [1] https://abcdoabc.com.br/copa-do-mundo-de-clubes-da-fifa-fluminense-prime/ [2] https://www.espm.br/professores/joao-oliver/