Sol, mar, confraternizações e mesas fartas fazem parte da rotina do fim do ano, mas o período também reúne condições ideais para o aumento de doenças. As altas temperaturas, a conservação inadequada de alimentos e o contato próximo entre pessoas favorecem quadros como gastroenterites [1], intoxicações alimentares, infecções respiratórias e arboviroses.
De acordo com a infectologista Carla Kobayashi, do Hospital Sírio-Libanês [2], o fim do ano concentra fatores clássicos de risco à saúde. “O calor acelera a proliferação de microrganismos, enquanto festas, viagens e reuniões familiares aumentam a exposição a vírus e bactérias”, explica.
Gastroenterites são mais frequentes no fim do ano
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As doenças gastrointestinais lideram os atendimentos médicos no fim do ano, segundo a especialista. Elas estão associadas, principalmente, à contaminação por bactérias e vírus que se multiplicam com facilidade em ambientes quentes e úmidos, especialmente quando há falhas na higiene das mãos ou no armazenamento de alimentos.
“A principal complicação das gastroenterites é a desidratação, que pode se tornar grave em crianças e idosos”, alerta Kobayashi. Sinais como diminuição do volume urinário, vômitos persistentes e dificuldade para ingerir líquidos indicam a necessidade de procurar atendimento médico.
Durante o fim do ano, é comum que alimentos permaneçam fora da refrigeração por longos períodos, seja em festas, viagens ou na praia. Nessas condições, microrganismos como Salmonella e Escherichia coli encontram ambiente favorável para se proliferar. Os sintomas mais frequentes incluem diarreia, vômitos, febre, dor abdominal e mal-estar.
Dados do estudo Global Burden of Disease (GBD), publicado em 2024 na revista The Lancet Infectious Diseases, mostram que as doenças diarreicas seguem entre as principais causas de morte no mundo, apesar da redução expressiva nas últimas décadas, afetando sobretudo crianças e idosos.
Infecções respiratórias continuam circulando no verão
Arquivo - Agência Brasil
Mesmo com o calor típico do fim do ano, as infecções respiratórias seguem em alta. Vírus como influenza, rinovírus, vírus sincicial respiratório e o coronavírus continuam circulando, impulsionados pelas aglomerações em festas de empresa, encontros familiares e deslocamentos intensos.
“É um período de maior contato entre as pessoas, o que facilita a transmissão de vírus respiratórios”, afirma a infectologista. Os sintomas mais comuns incluem febre, dor de cabeça, dor de garganta, coriza, tosse e dores no corpo.
Arboviroses exigem vigilância no fim do ano
Divulgação/Fiocruz
O Ministério da Saúde alerta que os meses mais quentes e chuvosos, característicos do fim do ano, aumentam o risco de arboviroses como dengue, zika e chikungunya. Mesmo diante de uma queda superior a 70% nos casos de dengue em 2025, o cenário ainda exige cautela.
Entre janeiro e outubro deste ano, foram registrados cerca de 1,3 milhão de casos prováveis de dengue no país. “A redução nos números não significa risco zero. O combate ao mosquito vetor continua sendo a principal forma de prevenção”, reforça Kobayashi.
Como prevenir doenças no fim do ano
Medidas simples ajudam a reduzir os riscos à saúde durante o fim do ano:
Higienizar bem as mãos antes do preparo dos alimentos, antes e após as refeições e após tossir ou espirrar
Evitar alimentos que ficaram muito tempo fora da geladeira, especialmente os que levam ovos ou maionese
Consumir apenas água potável e frutas bem lavadas
Manter hidratação constante para prevenir a desidratação
Evitar aglomerações ao apresentar sintomas gripais
Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar e não compartilhar copos ou talheres
Usar repelente e eliminar criadouros do mosquito da dengue
Além disso, a infectologista recomenda atenção especial à alimentação e à hidratação. “Optar por refeições leves, alimentos frescos e evitar excessos são atitudes simples que fazem diferença para atravessar o fim do ano com mais saúde”, conclui.
[1] https://abcdoabc.com.br/surto-de-virose-no-litoral-paulista-alerta-para-saneamento-basico/
[2] https://hospitalsiriolibanes.org.br/
Anael Lopes 
