Dólar cai 11,2% e tem maior recuo anual desde 2016

Dólar cai 11,2% e tem maior recuo anual desde 2016
Dólar cai 11,2% e tem maior recuo anual desde 2016 O mercado financeiro brasileiro encerrou o ciclo de 2025 com uma performance que superou as expectativas dos analistas mais otimistas. Em uma sessão marcada pelo ajuste de posições e otimismo doméstico, o dólar [1] registrou uma queda de 1,47% no último pregão do ano, sendo cotado a R$ 5,489. O movimento consolidou uma desvalorização acumulada de 11,2% em 12 meses, registrando o recuo mais expressivo da moeda norte-americana frente ao real desde o ano de 2016. Este cenário de valorização da moeda brasileira não é um evento isolado, mas o reflexo de uma combinação de fatores macroeconômicos robustos. Enquanto o cenário externo apresentou volatilidade devido às decisões de política monetária global, o Brasil conseguiu manter um fluxo de capital estrangeiro positivo, sustentado por indicadores de emprego e uma Bolsa de Valores que ignorou as turbulências internacionais para buscar patamares históricos. Ibovespa atinge 161 mil pontos em ano de forte recuo do dólar Se o mercado de câmbio trouxe alívio para a inflação, o mercado acionário foi o grande protagonista do ano. O Ibovespa [2], principal índice da B3, registrou uma alta de 0,40% no último dia de negociações, alcançando a marca histórica de 161.127 pontos. No acumulado de 2025, a valorização da Bolsa brasileira chegou a impressionantes 34%, um desempenho que coloca o país em destaque no radar dos investidores globais. A performance do índice foi diretamente impulsionada pela manutenção de juros elevados no Brasil, que continuam atraindo o capital especulativo e de longo prazo, somada aos preços atrativos dos ativos brasileiros quando comparados a outras Bolsas internacionais. Esse fluxo constante de investimentos ajudou a pressionar o dólar para baixo, criando um ciclo virtuoso para os ativos de risco locais. O papel do Federal Reserve e o cenário externo Apesar do ambiente doméstico favorável, o caminho não foi isento de obstáculos vindos do exterior. A última ata divulgada pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, revelou uma profunda divisão interna sobre o ritmo de cortes nas taxas de juros americanas. O documento indicou a possibilidade real de uma pausa no ciclo de afrouxamento monetário na próxima reunião, o que costuma fortalecer a moeda americana globalmente. Contudo, a força da economia brasileira em 2025 serviu como um escudo. Mesmo com a incerteza vinda de Washington, o real conseguiu se sobressair, mantendo a trajetória de queda do dólar. O mercado interpretou que, apesar da cautela do Fed, o diferencial de juros entre Brasil e EUA ainda é suficientemente vantajoso para manter o investidor estrangeiro em solo nacional. Mercado de trabalho e economia real sustentam a moeda Para além dos gráficos da Faria Lima, os fundamentos da economia real deram o suporte necessário para que o dólar perdesse fôlego ao longo do ano. O IBGE reportou que a taxa de desemprego no país caiu para 5,2%, atingindo o menor patamar desde 2012. Este dado é crucial, pois aponta para um mercado consumidor aquecido e uma economia em plena atividade, o que reduz o prêmio de risco país. A combinação de desemprego em níveis historicamente baixos com a estabilidade institucional permitiu que o Banco Central brasileiro operasse com maior previsibilidade. Com a economia rodando em alta rotação, o apetite pelo risco aumentou, e a moeda norte-americana deixou de ser o único porto seguro para os grandes fundos. Ao final deste ciclo, o que se observa é uma reconfiguração das expectativas. O dólar abaixo de R$ 5,50 no encerramento de 2025 marca um período de resiliência do real, deixando para 2026 o desafio de manter o equilíbrio fiscal e o controle inflacionário diante de um cenário global que ainda promete ser desafiador. [1] https://abcdoabc.com.br/dolar-fecha-em-queda-e-bolsa-sobe-com-pacote-fiscal-e-eleicoes-dos-eua-no-radar/ [2] https://www.b3.com.br/pt_br/para-voce