
O desemprego no Brasil [1] renovou sua mínima histórica ao cair para 5,2% no trimestre móvel encerrado em novembro. Divulgado nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE [2]), o índice superou o otimismo dos analistas e confirma o aquecimento contínuo do mercado de trabalho. A taxa anterior, referente aos três meses precedentes, estava em 5,6%.
Este resultado estabelece um novo piso na série histórica iniciada em 2012, quebrando o recorde de 5,4% observado até outubro. O desempenho surpreendeu o mercado financeiro: a mediana das projeções colhidas pela Bloomberg apontava para uma estabilidade em 5,4%.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) revela que a melhora abrange tanto o setor formal quanto o informal. Atualmente, o contingente de pessoas que buscam sair do desemprego recuou para 5,6 milhões.
Para dimensionar a recuperação, basta observar os dados da pandemia. No trimestre encerrado em março de 2021, o país contabilizava quase 15 milhões de desocupados. Hoje, esse número é o menor já registrado, com uma redução de 441 mil pessoas apenas na comparação com o trimestre finalizado em agosto.
Queda do desemprego impulsiona ocupação recorde
A retração na desocupação caminha lado a lado com o aumento da população ocupada. O Brasil atingiu a marca inédita de 103 milhões de trabalhadores, um acréscimo de 601 mil pessoas frente ao trimestre anterior.
Com isso, o nível de ocupação — percentual de pessoas com 14 anos ou mais que estão trabalhando — chegou a 59%, também o maior da série. Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas do IBGE, analisa a resiliência do setor:
"Podemos afirmar que o ano foi bastante positivo para o mercado de trabalho, uma vez que conseguiu assegurar seus ganhos acumulados. Isso justifica a taxa de desemprego atual de 5,2%."
Beringuy destaca que essa estabilidade ocorre mesmo em um cenário macroeconômico de juros elevados e alto endividamento das famílias, o que teoricamente desestimularia a contratação e a busca por vagas.
Renda sobe e inatividade aumenta
Não é apenas a quantidade de vagas que chama a atenção, mas o valor no bolso do trabalhador. A renda real habitual alcançou R$ 3.574 mensais, configurando outro recorde histórico da Pnad. O montante representa um crescimento real de:
1,8% em relação ao trimestre encerrado em agosto.
4,5% na comparação anual.
Outro fator que ajuda a explicar a compressão nos números do desemprego é o comportamento da população fora da força de trabalho. Esse grupo, que não trabalha nem procura emprego, somou quase 66 milhões de pessoas, um aumento de 176 mil no período.
Como o cálculo da taxa exige que o indivíduo esteja procurando vaga ativamente, a migração de pessoas para a inatividade alivia a pressão estatística sobre os índices de desemprego.
Desafios estruturais persistem
Apesar da trajetória positiva impulsionada pelo desempenho da economia e políticas de incentivo, especialistas mantêm a cautela. A redução nas taxas de desemprego não elimina gargalos históricos, como a informalidade elevada.
Economistas alertam que parte significativa das novas ocupações ainda possui características precárias. O desafio para os próximos meses será manter a qualidade das vagas geradas e garantir que a queda no desemprego continue sustentável a longo prazo.
[1] https://abcdoabc.com.br/desemprego-no-brasil-3/
[2] https://www.ibge.gov.br/