Obesidade infantil: região de Campinas tem alta de 53% nos atendimentos, e especialista alerta para risco disfarçado de 'fofura'

Aumento da obesidade infantil é apontado como um importante fator para o avanço da diabetes PA Media O número de atendimentos clínicos a crianças e adolescentes por obesidade cresceu na região de Campinas (SP). De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, a alta foi de 53% em 2024 na comparação com o ano anterior. O número obtido pela EPTV inclui 42 cidades da área de abrangência do Departamento Regional de Saúde da metrópole. Apenas no ano passado foram 560 atendimentos ambulatoriais, contra 366 em 2023. O levantamento também traz um alerta para as faixas de maior risco: Entre adolescentes de 10 a 14 anos, o número foi de 121 a 272, ou 124%; Entre crianças de 5 a 9 anos, passou de 161 para 230 atendimentos, ou 42%; Já o grupo abaixo de 4 anos foi o único com redução, de 84 para 58, ou -30,9%. Ideia de “fofura” pode esconder sinais de alerta A aparência “fofa” de uma criança que está com o peso inadequado para a idade pode, no fundo, esconder uma série de alertas. Por trás dos digitas da balança, a obesidade está associada a doenças como diabetes e colesterol alto. A especialista em nutrição infantil Carla do Valle Casolli chama a atenção para o papel dos responsáveis para que a criança não ganhe peso acima do ideal. "Não é a criança que prepara o alimento. Não é a criança que faz a lista de compras", comenta. Ela lembra que a alimentação precisa ser nutritiva, dando espaço para: legumes e verduras, formando um prato sempre colorido; priorizar alimentos in natura e minimamente processados. Ela reforça ainda que a família precisa ser exemplo. "Incentivar a criança a participar do preparo das refeições, das listas de compras. Tem crianças que não conhecem um chuchu. Além das comorbidades que falei, os problemas emocionais ligados à obesidade, são muitos". "As vezes não é fofinho, é uma criança obesa que precisa de ajuda". Cuidar do peso pode melhorar a qualidade de vida O Joaquim Leonel tem 8 anos e adora jogar bola. No entanto, a rotina de exercícios começou há pouco tempo. O estopim foi o aumento no peso, como conta a mãe Laila Leonel. "Ele repetia duas, três vezes, um pratão de comida. Eu via que era uma coisa de ansiedade mesmo, que ele ficava ali com o garfinho. Outras crianças começam a fazer brincadeiras, colocar conotações". "Devido a ansiedade, a falta de exercício físico. Quando a gente percebeu que ele estava um pouco além. Resolvemos focar em exercícios. A gente foi no nutricionista, ela calculou a quantidade que ele deveria comer, e fui orientada a colocar mais esporte para ele ter o gasto calórico para reverter a situação", detalha Laila. Hoje, além da rotina de muita atividade física, o menino também tem uma alimentação mais saudável. Os resultados vieram rápido e a disposição também melhorou. "Consegui fazer mais coisas com facilidade e melhorou fazer esporte. Eu brinco, treino. No começo é uma brincadeira e no final também, se der tempo. O treino é bastante legal", conta o menino. "Depois de seis meses a gente teve um resultado incrível. Hoje ele come um pratinho, é suficiente, e um pratinho de salada. Está muito mais disposto. Ele ficou ágil no gol, teve uma evolução muito grande de conseguir pular, chegar nas bolas", completa a mãe. O que configura a obesidade? Há décadas, a diretriz para diagnóstico de obesidade é o índice de massa corporal (IMC). Ele é calculado dividindo o peso em quilos pelo quadrado da altura em metros. Por exemplo: quem mede 1,75 metro e pesa 70 quilos tem um IMC de 22,86. Quem apresenta um índice de 30 ou mais é considerado obeso. Contudo, há consenso entre os pesquisadores de que só o IMC não é um indicador suficiente de sobrepeso, pois não distingue entre gordura e massa muscular, nem informa sobre o estado de saúde individual. Em artigo na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, um grupo de 50 especialistas elaborou diretrizes alternativas para a obesidade, o que inclui, além do IMC: pelo menos uma medida da massa corporal (circunferência da cintura, relação cintura-quadril ou relação cintura-altura); pelo menos duas medidas da massa corporal, independente do IMC; medição direta da gordura corporal. Leia mais clicando AQUI. VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.
