
Machu Picchu, [1] o destino mais emblemático do turismo sul-americano, foi palco de uma tragédia ferroviária nesta terça-feira (30). Ao menos uma pessoa morreu e outras 40 ficaram feridas após uma colisão frontal entre dois trens de passageiros na rota que leva à cidadela inca, no sudeste do Peru [2]. O acidente ocorreu por volta das 13h20 locais (15h20 de Brasília) em um trecho de via única que liga a localidade de Ollantaytambo à região de Cusco, paralisando o fluxo de visitantes em um dos períodos mais movimentados do ano.
O choque envolveu uma composição da empresa PeruRail e outra da Inca Rail por razões que ainda estão sendo investigadas. De acordo com o jornal peruano La República, a vítima fatal foi identificada como o maquinista Roberto Cardenas Loayza, de 61 anos. Equipes especializadas de perícia e investigação foram convocadas ao local para apurar como dois trens puderam transitar em sentidos opostos no mesmo trilho simultaneamente.
Brasileiros relatam momentos de pânico no trajeto para Machu Picchu
Entre os passageiros da PeruRail, que transportava 54 pessoas, havia turistas de diversas nacionalidades, incluindo brasileiros. Um turista do Brasil relatou ao jornal local que a colisão causou ferimentos em sua perna e pé, embora sem gravidade. Outro casal de brasileiros descreveu a dificuldade extrema para abandonar o vagão destruído após o impacto.
O general Julio Becerra, da Polícia Nacional do Peru, informou que os feridos foram levados para hospitais na cidade de Cusco. A complexidade do resgate em uma área andina de difícil acesso exigiu uma força-tarefa de emergência, especialmente para garantir a estabilização das vítimas estrangeiras que visitavam Machu Picchu durante o recesso de fim de ano.
Críticas à gestão e segurança no entorno de Machu Picchu
O acidente provocou uma reação imediata do governador de Cusco, Werner Salcedo, que enviou cartas de protesto ao Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC) e às operadoras privadas. Salcedo criticou duramente a gestão da rota, afirmando que a segurança do passageiro foi negligenciada. "É a imagem do Peru para o mundo. Hoje, Machu Picchu está presa em uma comercialização que deixa muito a desejar", disparou o governador.
A segurança ferroviária é um pilar crítico para a economia peruana, visto que o trem é o principal modal de transporte para chegar à cidadela pré-hispânica. Declarada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1983, a cidade de pedras recebe, em média, 4.500 visitantes por dia, todos dependentes da eficiência operacional da via única onde ocorreu o desastre.
Investigação e impactos na malha ferroviária
Até o momento, as operadoras não divulgaram informações sobre reembolsos ou a normalização das viagens. A interrupção da linha deve afetar milhares de turistas que planejavam passar a virada de ano em Machu Picchu. Investigadores agora focam na falha de sinalização ou erro humano que levou à colisão frontal.
O Consulado Brasileiro no Peru acompanha o caso para prestar assistência aos feridos nacionais. Enquanto as causas são apuradas, a tragédia acende um debate urgente sobre a necessidade de modernização tecnológica nos sistemas de controle de tráfego que servem ao Santuário Histórico de Machu Picchu, visando evitar que novas falhas operacionais custem vidas em um dos pontos mais visitados do planeta.
[1] https://en.wikipedia.org/wiki/Machu_Picchu
[2] https://abcdoabc.com.br/uscs-peru-experiencias-gestao-universitaria/